domingo, 14 de dezembro de 2014

O conto: “Bailar” intrujão!



O conto: “Bailar” intrujão!

Numa terra muito longínqua existia uma comunidade que tinha como principal objetivo pessoal “bailar” no Templo.

“Bailar” era o desejo da maior parte dessa comunidade. Não importava classe social, ser novo ou velho, ser homem ou mulher – somente importava atingir a maior idade e conseguir “bailar” no Templo.

Mas, “bailar” no Templo, não era tarefa fácil, existia uma prova efetuada por um Júri que aprovava ou reprovava a realização de tal desejo.

Para se preparar para tal prova, que se esperava rigorosa e imparcial, existiam escolas de bailado que preparavam as/os aspirantes a bailarinas/os e após uma formação, que se pretendia, rigorosa os submetiam a aprovação ou reprovação para a entrada no Templo.

A ansia de atingir tal desejo – “Bailar”- era desmedida, todas/os tentavam de uma forma rápida abarcar tal objetivo, não importava a formação nas escolas de bailado, não importava se estavam preparadas/os para “bailar” o que importava era a entrada no Templo o mais breve possível.

Contudo, o que fazer para que a prova de entrada no Templo fosse facilitadora(?), não tivesse o rigor desejado – as flores!!!

As flores tinham um valor desmesurado e alguém se lembrou – e se oferecêssemos flores nas escolas de bailado para nos submeterem mais rápido à realização da prova e em simultâneo se oferecêssemos flores ao Júri?

E, assim tudo ficou mais facilitado, a entrada no Templo dependia quase exclusivamente da oferta de flores, na escola de bailado e ao Júri, e quem não se dispusesse a tal oferta por melhor bailarina/o que fosse veria a sua entrada muito dificultada. Não importava a aptidão/capacidade, para “bailar”, isso deixou de ser avaliado.

O Templo ficou repleto de um “Bailar” intrujão, sem o rigor…sem harmonia…sem esplendor! As escolas, essas, ficaram repletas de flores, bem como o Júri, pareciam um grande jardim só de flores.

Todavia, o “Bailar” - ah!!!- o “Bailar” – tornou-se tão intrujão!!!!!
Paula Rosas

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Circulação em rotunda

(carta enviada ao MAI)

Sou instrutora de condução automóvel desde 1990, como profissional deste setor e consciente da responsabilidade social que desempenho, venho expor um problema que embora o faça em nome individual, apercebo-me que é um problema generalizado entre os profissionais da condução automóvel (instrutores).

A legislação rodoviária deve, a meu entender, zelar pela partilha do ambiente rodoviário em segurança. No decorrer destes anos verifica-se, que a legislação, por vezes é ambígua e nada contribuiu para a segurança rodoviária, contrariando assim a sua missão.

Exemplo disso verifica-se na Lei 72/2013 de 3 de setembro no que refere “às rotundas”. O art. 1.º, alínea p, define rotunda como “praça formada por cruzamento ou entroncamento onde o trânsito se processa em sentido giratório e sinalizada como tal”, esta definição não comtempla as características exigíveis para “rotunda””. O art. 14.º-A  “esclarece” a forma como se deve transitar nas “rotundas”:

1 — Nas rotundas, o condutor deve adotar o seguinte comportamento:
a) Entrar na rotunda após ceder a passagem aos veículos que nela circulam, qualquer que seja a via por onde o façam;
b) Se pretender sair da rotunda na primeira via de saída, deve ocupar a via da direita;
c) Se pretender sair da rotunda por qualquer das outras vias de saída, só deve ocupar a via de trânsito mais à direita após passar a via de saída imediatamente anterior àquela por onde pretende sair, aproximando -se progressivamente desta e mudando de via depois de tomadas as devidas precauções;
d) Sem prejuízo do disposto nas alíneas anteriores, os condutores devem utilizar a via de trânsito mais conveniente ao seu destino;
2 — Os condutores de veículos de tração animal ou de animais, de velocípedes e de automóveis pesados, podem ocupar a via de trânsito mais à direita, sem prejuízo do dever de facultar a saída aos condutores que circulem nos termos da alínea c) do n.º 1.
3 — Quem infringir o disposto nas alíneas b), c) e d) do n.º 1 e no n.º 2 é sancionado com coima de € 60 a € 300.“

Ora vejamos, se as “rotundas” não têm, todas, as mesmas características, ou seja, tamanho, número de vias de acesso à rotunda e da própria rotunda, distância entre saídas e entradas, …como é possível contorná-las da forma como refere o art. 14.º-A?  

Uma tarefa muito árdua para os condutores no que refere ao cumprimento deste artigo (14.º-A). Porque ao depararmo-nos com algumas “rotundas” é de todo impossível respeitar este artigo, já que na verdade temos “grandes rotundas”, “médias rotundas”, “pequenas rotundas”, “pequeníssimas rotundas”, “pneus rotundas”….. e, vamos comportar-nos de igual forma em todas elas? Será possível?

Em relação aos exames, temos mais um “desajuste” em que cada examinador dá a indicação através de “um gosto pessoal”, ou seja, uns indicam com a devida antecedência a saída que pretendem, outros indicam somente ao entrar na rotunda, exigindo dentro da rotunda a troca de via, independentemente do acesso da rotunda ter uma ou duas vias de trânsito…não está fácil! E embora os examinadores mencionem avaliar com “bom senso” na verdade é que fazem advertências ao candidato a condutor, mediante a “indicação a gosto”, que condiciona o desempenho no exame.

No meu humilde entender, este problema pode minorar se forem definidas as características que devem ser observadas para ser uma “rotunda”, o restante, que não cumpra essas características, seria sinalizado com o sinal D3a “contornar placa ou obstáculo”. Estou consciente que a legislação rodoviária não consegue abranger cada especificidade do ambiente rodoviário, mas no que diz respeito a este problema “rotunda” algo pode ser feito para atenuar os “desajuste” que se presenciam na partilha do ambiente rodoviário.


Paula Rosas